O emaranhado social envolvido nos conflitos ambientais: proposição de análise à luz da Teoria da Produção Social

Palabras clave: Conflito ambiental, Atores sociais, Produção social, Jogo social

Resumen

Os conflitos ambientais aumentaram significativamente nos últimos anos na América Latina, especialmente no Brasil. Engendrados por diversos fatores, entre os quais destacamos a implantação de grandes projetos de infraestrutura em territórios constituídos por comunidades tradicionais, os conflitos ambientais são caracterizados pelo embate de uma ampla rede de atores que apresentam modos distintos de apropriação simbólica e material da natureza, os quais se conectam e se organizam politicamente de modos diferentes, resultando em um complexo emaranhado socionatural. Desse modo, este ensaio tem por objetivo refletir como a Teoria da Produção Social, do chileno Carlos Matus, pode auxiliar na compreensão da produção social envolvida nos conflitos ambientais. Nesse sentido, defendemos que o conflito ambiental é um jogo social de final aberto, emergido de um processo social e politicamente construído, formado por atores sociais em interação, com motivações e interesses divergentes, além de recursos de poder em disputa. Portanto, afirmamos que tanto os atores quanto as alianças se constituem e se refazem ao longo do processo político de produção social. Concluímos o ensaio com contribuições importantes no tocante aos estudos dos conflitos ambientais à luz da Teoria da Ação Social, caracterizando um avanço teórico para a área.

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Biografía del autor/a

Jaqueline Guimarães Santos

Universidade Federal de Pernambuco. Caruaru, Brasil. E-mail: jaqueline.guimaraes@ufpe.br. ORCID: 0000-0001-8455-1659

Eugenio Avila Pedrozo

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Brasil. E-mail: 00010312@ufrgs.br. ORCID: 0000-0002-4751-707X

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Publicado
2021-12-09
Cómo citar
Guimarães Santos, J., & Avila Pedrozo, E. (2021). O emaranhado social envolvido nos conflitos ambientais: proposição de análise à luz da Teoria da Produção Social. Espacio Abierto, 30(4), 167-183. Recuperado a partir de https://www.produccioncientificaluz.org/index.php/espacio/article/view/37333